13 de out. de 2015

CAERDES recebe visita de alunos de graduação e pós-graduação e professores da UFPB

Por: Augusto Jackson

            Alunos e professores do Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias  da Universidade Federal Da Paraíba - UFPB,  do Campus de Bananeiras,  (com apoio da  Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - EMBRAPA), estiveram no Centro de Agroecologia, Energias Renováveis e Desenvolvimento Sustentável (CAERDES), localizado no Campus III da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) em Juazeiro.

No primeiro momento da visita, o coordenador do Caerdes, professor Dr. Jairton Fraga Araújo, apresentou o centro e expôs como se trabalha a agroecologia e quais os meios que são utilizados para sua implementação. Na oportunidade os bolsistas apresentaram os projetos de pesquisa. O professor Jairton se diz lisonjeado com o reconhecimento e apoio que o Caerdes vem recebendo da sociedade.

A professora Ramira da Costa Araújo, da UFPB destaca que o Caerdes é um espaço de mudanças e de oportunidades para que outras instituições possam inspirar-se e assim, desenvolver projetos próprios como contribuição para a construção de uma sociedade melhor e mais saudável. “O caerdes é um ponto focal. O Centro tem um valor grande para que possa divulgar essa ideia para outras pessoas,” diz a professora.

Segundo o estudante de agroecologia da UFPB, David Sossego, disse que ficou entusiasmado quando viu a parte experimental que se realiza no campo, pois está próxima à realidade da agricultura “Isso é uma boa prática. O agricultor não precisa gastar muito para obter a produção ou um produto de qualidade, ter uma vida saudável”, diz David.

VISITA DE CAMPO: Outra etapa da programação oportunizou o grupo observar as pesquisa de campo, bem como, a produção de biofertilizante, compostagem e projetos que estão em pesquisas. “É importante a visita desses alunos no campo e em lugares como este, pois eles vão voltar com uma visão diferenciada e serão multiplicadores dessas ideias e experiências. O Centro é um espaço rico de informações, que por vezes não conseguimos perceber apenas em sala de aula”,  disse a professora Ramira.

            Zélia Maia, formada em Engenharia de Alimentos e pós-graduanda da UFPB, diz que este momento é de muita importância para o aprendizado, pois na sua região não existe centro de pesquisa como este, em que os alunos tenham acesso, “O Caerdes é um lugar que abre a mente, que leva o conhecimento para todos os tipos de pessoas, e assim retira as vendas que não as deixam enxergarem o quanto é saudável consumir um produto livre de agrotóxicos”, explicou.

O Caerdes tem recebido com regularidade caravanas de Universidades de todo o
Nordeste, que chega ao Vale do São Francisco com interesse em conhecer a estrutura e a forma de trabalho e os desenvolvimentos dos projetos.  “Eu vejo este lugar como uma ferramenta para conseguir socializar os conhecimentos agroecológicos, principalmente para os agricultores desprovidos destas instruções, por que essas informações ainda está muito preso na academia e que é essencial os estudantes, agricultores e outras pessoas terem acesso a um local como este” frisa Davi .





3 de out. de 2015

É hora de retornar!


Por: Jairton Fraga Araújo
Coordenador do Caerdes

Agricultura, cujo prefixo agro tem origem no verbete agru, que significa terra cultivada ou cultivável, é a arte ou processo de usar o solo para cultivar plantas com o objetivo de obter alimentos, fibras, energia e matéria prima para roupas, construções, medicamentos, ferramentas e contemplação estética,  esta é a definição para uma das atividades mais recentes  da história da humanidade, datando apenas, cerca de 10 mil anos  e tendo surgido nos solos aluviais de alta fertilidade ao longo dos cursos hídricos.

A medida que a população do planeta foi aumentando as pressões por alimentos foram crescendo e o homem sentiu a necessidade de manejar os ecossistemas naturais para atender a demanda pela produção de alimentos.

Com o incremento populacional ocorrendo de maneira célere, a produção de alimentos requereria, o desenvolvimento de técnicas de produção capazes de dar suporte a necessidade alimentar crescente.

O advento da introdução da química na produção agrícola que ocorreu por volta de 1848, com a hipótese anti-humista da nutrição de plantas desenvolvida por Justus Von Liebig, permitiu que, anos depois, com a revolução industrial, surgisse, uma agricultura intitulada de moderna, altamente dependente de energia e estabelecida sobre o trinômio: agroquímica - biotecnologia com manipulação genética e mecanização intensiva. As altas produtividades e rentabilidades obtidas pelos agricultores que adotaram o modelo emergente preconizado pela revolução industrial e batizado de Revolução verde, impulsionaram efetivamente, uma drástica transformação no modus de produção dos alimentos.

De imediato a primeira conseqüência, foi o abandono de práticas agrícolas seculares e importantes para  a conservação de solos, tais como: adubação verde, pousio, rotação de culturas, consorciação entre outras, que passaram a ser relegadas a um segundo plano como se fora tecnologias atrasadas – aliás, assim foram “vendidas”. Até dos currículos escolares de agronomia foram secundarizadas, como se não fossem estratégias insubstituíveis para a agricultura, em particular a dos trópicos.

Por volta de 1920, pesquisadores contrários ao quimismo proposto por Liebig, para a nutrição de plantas, intensificaram os estudos para aprimorar o modelo de produção de base ecológica ou orgânica, que foi de ampla utilização por agricultores de todo o mundo por milênios.

Assim surgiu um edificante movimento de fundamentação científica e com um cunho humano-conservacionista, distinguindo-se do paradigma ecônomico-quimista de produzir a qualquer custo. Lançou-se assim, às bases da agricultura orgânica através de seus princípios maiores:

§   A propriedade agrícola é um organismo com funções interligadas e interdependentes
§   O ambiente deve estar em adequada harmonia com a paisagem e o homem
§   O elemento vegetal e o elemento animal devem estar integrados e seus resíduos aproveitados num processo de ciclagem
§   Deve-se na produção agrícola, enfatizar o uso de tecnologias de processo e não de produtos.

Tais princípios soam incompreensíveis e completamente anticientifícos para o paradigma dominante, pois toda a sua ciência é positivista e todo o pensar da denominada ciência moderna é cartesiano, faltam-lhes elementos holísticos e sistêmicos para compreensão do todo já que o raciocínio para eles só é lógico se for feito decompondo e compartimentalizando a matéria e os processos.

Neste sentido, os princípios para melhor compreensão, devem ser traduzidos em passos, que precisam ser adotados quando se fala em produzir organicamente, e assim poderíamos a título de ilustração mencionar alguns:

§   Substituir o uso de insumos industriais por práticas que melhorem a qualidade de do solo
§   Ampliar a utilização de recursos naturais, renováveis e disponíveis localmente ou regionalmente
§   Ampliar a diversidade biológica das espécies nos sistemas de produção
§   Desenhar sistemas adaptados às condições locais e adaptados aos microambientes
§   Resgatar a diversidade genética local
§   Resgatar e conservar os conhecimentos e a cultura local.

Modernamente assiste-se a uma profusão de pacotes tecnológicos ou ao uso das tecnologias de produto, baseados nos pilares já mencionados e que acabaram provocando êxodo rural de agricultores familiares, pelo aumento desmedido dos custos de produção, poluição química de mananciais e cursos de água, contaminação de agricultores, estreitamento da base genética das variedades empregadas pela substituição das tradicionais por híbridos e variedades sintéticas (com relação a este aspecto, presencia-se um verdadeiro holocausto botânico, com apenas uma variedade de arroz a IR-36 ocupando cerca de 60% das terras arrozeiras do Sudeste Asiático, onde, há poucos anos, eram comuns milhares de variedades tradicionais) monocultura, maciça utilização de agrotóxicos, antibióticos e hormônios, eliminação de milhões de postos de trabalho pela intensa motomecanização.

Vive-se a era da cosmetologia, ou seja, do vale tudo pela aparência e não pela qualidade intrínseca que o alimento deve apresentar.

O alto custo social, ambiental e financeiro desse modelo, que é profundamente excludente e dependente da indústria não parece causar nenhum incômodo aos governos e por outro lado, a sociedade que em sua grande e esmagadora maioria desconhece os riscos dessa agricultura suicida, não exerce pressão nas esferas de poder do Estado no sentido de se redirecionar a produção de alimentos, para caminhos sustentáveis, primando pela defesa da qualidade da vida no mundo.

Indicadores mundiais sinalizam para um dado alarmante: um terço da população mundial está desempregada; mais de 70% do comércio mundial está nas mãos de apenas 500  empresas.

Onde está a saída para a encruzilhada em que o modelo de desenvolvimento adotado nos colocou? Não é pergunta fácil de ser respondida, mas certamente, poderemos destacar que uma das medidas que permitiria de imediato reduzir a dependência do modelo industrial, fixar famílias inteiras no campo, produzir alimentos com menor custo ambiental, financeiro e social seria uma sólida política voltada para a economia dos recursos naturais, entre as quais, destaca-se a agricultura orgânica (entendida como um sistema de gerenciamento total da produção agrícola com vistas a promover e realçar a saúde do meio ambiente, preservar a biodiversidade, os ciclos e as atividades biológicas do solo) para exportação e para o mercado interno fortalecendo-a, com medidas como: recursos financeiros para pesquisas, crédito, incentivos fiscais, capacitação, difusão dos conhecimentos e agroindústria de alimentos de base ecológica. Certamente outras e muitas outras medidas, poderão ser elencadas, não é nossa pretensão esgotar as possibilidades.

Por outro lado, faz-se cada vez mais premente, retomar o poder de consumir o alimento que desejamos e não o que nos é imposto pela mídia industrial, o que os americanos chamam genericamente de consumer empowermentoupower to the people. Entre nós, significa que o cidadão tornou-se mais consciente de seus direitos e exigiu para si parcela do poder de decisão sobre os hábitos de consumo, tendo como foco uma vida mais saudável. Inserem-se nesse contexto as exigências de qualidade e de inocuidade dos alimentos, um comportamento nascido na Europa, que rapidamente se espalhou nos demais países do mundo.

As proposições poderão parecer simplistas, especialmente porque darão a impressão que propugna-se, pelo retorno ao passado em um mundo tão diferente daquele, mas a respeito desse aspecto, pode-se ponderar, mencionando o pai da moderna nutrição de plantas Justus Von Liebig, citando-se o epitáfio que se encontra na lápide de seu túmulo:
Pequei contra a sabedoria do Criador e com razão fui castigado. Queria melhorar o seu trabalho porque acreditava, na minha obsessão, que um elo da assombrosa cadeia de leis que governa e renova constantemente a vida sobre a superfície da terra tinha sido esquecida. Pareceu-me que este descuido tinha que emendá-lo o frágil e insignificante ser humano”.
Liebig suicidou-se em 1873. Esse fato os livros de história não mencionam.

É hora de retornar !

Aula 03 - Manejo ecológico Do solo e da água


30 de set. de 2015

CAERDES- Aula 02- Canais alternativos de comercialização


29 de set. de 2015

Vídeo aula - AGROECOLOGIA fundamentos e aplicação prática - Aula 01, Parte 02


28 de set. de 2015

Vídeo aula - AGROECOLOGIA fundamentos e aplicação prática - Aula 01, Parte 01


O Centro de Agroecologia, Energias Renováveis e Desenvolvimento Sustentável (CAERDES) apresenta uma Série de vídeo aulas sobre Agroecologia que reunira conteúdo em dez títulos das principais técnicas empregadas na agricultura orgânica e agroecológica. Estas aulas objetivam contribuir para a capacitação de agricultores familiares, jovens rurais e mulheres do campo nesta área. 

Esta Série possibilitará aos educadores, pesquisadores e técnicos da extensão rural, entendimento fácil e contextualizado acerca da produção em ecossistemas modificados pela ação humana e, também, fazer uso de metodologias diversificadas como cursos, seminários e oficinas voltados para o ensino e à prática da produção agroecológica no território semiárido. 
A Série de aulas sobre Agroecologia integra os resultados do projeto Integração ensino-pesquisa-extensão em agricultura orgânica e agroecologia no sub-médio São Francisco, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq e conduzido pelo Caerdes, órgão da Universidade do Estado da Bahia - UNEB, vinculado ao Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais em Juazeiro-BA, cujo papel fundamental é o de desenvolver estudos e pesquisas, promover ações de extensão, realizar capacitação e fomentar nos estudantes, técnicos, empresários e agricultores o conceito de agricultura agroecológica e orgânica.
Acompanhe agora a primeira parte da aula 01, AGROECOLOGIA  fundamentos e aplicação  prática .






No Brasil, 80 mil toneladas de resíduos sólidos são descartadas de forma inadequada todos os dias



Posto de coleta para recebimento de resíduos eletrônicos
Foto: Agência Brasil/Marcelo Camargo
Cerca de 80 mil toneladas de resíduos sólidos urbanos são descartadas de forma inadequada no Brasil todos os dias, correspondendo a mais de 40% do lixo coletado. Mesmo com aumento de 6,2% ao ano do volume de resíduos dispostos de forma adequada, “esse índice tem evoluído a passos lentos, e o volume absoluto de resíduos dispostos de forma inadequada tem aumentado gradativamente”, afirma o representante do Instituto Ekos Brasil, Ricardo Scacchetti.
Para discutir o assunto, o Instituto Ekos Brasil vai reunir, com apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PnuD), especialistas dos setores público, privado e do terceiro setor, no Seminário de gestão de resíduos sólidos urbanos, dia 27 de agosto, em Brasília. O evento pretende debater a importância do Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos e o planejamento para implantação e financiamento da gestão sobre o tema.
No Brasil, “existem 1.775 lixões, e muitos deles ainda com pessoas catando materiais em condições insalubres e degradantes à dignidade humana”, explica Scacchetti.
Um modelo de gestão de resíduos sólidos urbanos eficiente deve apresentar uma relação custo-qualidade vantajosa e contribuir com a inclusão social. A política nacional de resíduos sólidos, sancionada em 2010, coloca como meta a eliminação de lixões até 2020 para cidades menores e até 2018 para cidades maiores. O prazo inicial, que era até 2014, foi descumprido pela maioria.
“Grande parte dos municípios brasileiros tem muita dificuldade nessa gestão dos resíduos, não só pela questão ambiental, mas também pelas questões de gestão propriamente ditas”, ressalta a analista de programa da unidade de desenvolvimento sustentável do PnuD, Rose Diegues.